Blog Leandro Lima

Análises independentes sobre o contexto político nacional.

Por Leandro Lima

8 de Janeiro

Ano passado, nesta mesma data, um grupo de pessoas invadiu a praça dos Três Poderes, Brasília, e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF. O motivo maior, para tal ação, foi o sentimento de injustiça por eleições supostamente tendenciosas ou fraudulentas. Existem raros episódios na história, até mundial, de anulação de eleição e era bem improvável que isso fosse acontecer. Já a tomada de poder de maneira não institucional, é bem mais comum, mas duvido muito que os manifestantes que cometeram atos de vandalismo, tinham a ingenuidade de que iriam tomar o poder. Não havia o mínimo de organização possível para acontecer uma ruptura institucional.

Desde então, o conjunto de pessoas que foram flagradas, cometendo crime, foi punido de forma rigorosa. Alguns manifestantes, inclusive, receberam pena que ultrapassam a 6 anos, pena mínima de reclusão para quem comete homicídio. Não cabe discussão aqui, com relação à lei vigente, cometeram crime, então quem o fez, sabia dos riscos e são responsáveis pelos seus atos. Mas gostaria de enfatizar a linha tênue entre o vandalismo e o heroísmo. Para uma boa parte da população, eles fizeram um ato de civilidade, lutando por aquilo que acreditam e representando essa parcela da sociedade. A história, e como ela será contada, depende do grupo que está no poder, no momento em que ela é escrita. Não custa lembrar, por exemplo, que a democracia brasileira, diferente da democracia estadunidense, foi instaurada a partir de um golpe que decretou que o país seria uma república, abrindo assim a possibilidade para que a população votasse para Presidente. A maior tristeza, de relembrar este dia, é que o Brasil ainda atravessa um momento delicado. E estes problemas são pouco discutidos na sociedade.

O problema nacional não é, a meu ver, ideológico. Existem boas e más gestões mundo afora, de direita e de esquerda. De monarquia para república, o problema só mudou de lugar. Os reis podiam quase tudo na monarquia, afinal eram escolhidos por Deus, agora na república o Presidente pode tudo, pois, a voz do povo é a voz de Deus. A gestão nos governos, seja em qualquer nível, continua muito precária e pouco profissional. É quase unanimidade o sentimento de que os serviços públicos, em sua maioria, são de péssima qualidade. Se não podemos extinguir o estado, seria o pior dos mundos, talvez fosse mais inteligente que brigássemos menos pelos candidatos e mais por nós, a população que está farta de não ser devidamente representada, em ambos os lados.