• 05 / Jan / 2023

Getúlio Vargas, um dos políticos mais habilidosos que o Brasil já produziu, costumava a contar um caso interessante que moldou sua forma de pensar. Ainda quando criança, o menino teria derrubado e quebrado um quadro que pertencia ao seu pai e retratava um político importante da época, Julio de Castilhos. Certo de que seu pai lhe aplicaria uma surra pela travessura, o pequeno Getúlio subiu em um umbuzeiro e lá ficou. Seu pai ao ver o acontecido o procurou furioso, mas não o encontrou. O tempo passou e a fúria paterna se transformou em angústia, já que seu filho não aparecia, mesmo com o cair da noite. Quando Getúlio decidiu se revelar, já na manhã seguinte, foi recebido com alegria e ainda escapou do castigo.

Tudo indica que Bolsonaro aprendeu que em alguns momentos, o melhor a se fazer é procurar o seu umbuzeiro, como fez Getúlio. A meu ver ele está correto em sua estratégia. Vários de seus apoiadores, aflitos, discordam e pensam que ele precisa agir. Não é para menos, estão acostumados com o Bolsonaro que age e não se omite. Mas a política é, e sempre será, um jogo para quem tem nervos de aço. Além do mais, Bolsonaro já é uma liderança política consolidada no cenário nacional, que pode se dar ao luxo de ver os fatos se desenrolarem e agir somente quando houver necessidade.

A versão atual de Bolsonaro me agrada muito mais, sempre gostei de líderes políticos cirúrgicos, capazes de agir de forma decisiva e no momento certo. Não se pode esquecer que da crise se tira oportunidades, mais calado e introspectivo, Bolsonaro poderá se revelar quando realmente as condições forem favoráveis. O cenário político é muito dinâmico, muda muito a cada instante e favorece sempre, obviamente, aquele que melhor sabe lidar com ele.