Blog Leandro Lima

Análises independentes sobre política

Por Leandro Lima

Bandeira Branca

O homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre. Jean Meslier

A frase é atribuída a um filósofo francês que denunciava os excessos da monarquia e da igreja no século VXIII. De lá para cá muita coisa mudou, mas nem tudo. Quando o descontentamento com o sistema vigente chega a níveis altos, por parte de setores representativos da sociedade, não raramente ocorre o emprego da força. Por outro lado, existem inúmeros exemplos de movimentos pacíficos, aos quais me identifico, que obtiveram sucesso em seus objetivos, no Brasil e no mundo.   

O emprego da força pelos manifestantes no dia de hoje, em Brasília-DF, demonstra desespero. Dois são os motivos que levaram, a meu ver, a essa falta de esperança: o sentimento de abandono que sentem por parte do governo e o despreparo do movimento em entender os caminhos institucionais democráticos. É de bom tom que o governo esteja antenado com as demandas das minorias, já que não dialogar com elas pode transformar a democracia em uma ditadura da maioria. Os representantes são eleitos para governar para todos os cidadãos, sem diferenciação. É de conhecimento comum que quebrar o patrimônio público é condenável, é o que diz a lei e com ela não se discute. O que chama atenção é que os manifestantes, mesmo sabendo que estavam descumprindo a lei, decidiram colocar suas próprias integridades físicas em risco. Isso demonstra que existe uma alta coesão de seus membros. Porém, a ausência de pautas realistas dificultam a possibilidade de negociar uma trégua. Sugeriria começar com a negociação para as eleições dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

O que se viu hoje, nos jornais, foi o fracasso do estado brasileiro em sua função primordial de manter o diálogo entre representantes e seus representados. Ao que parece o impasse não será resolvido facilmente, já que prender os manifestantes raivosos não adiantará, pois existe uma boa parcela da população que se sente mais representada por eles do que pelo seu próprio governo.