Blog Leandro Lima

Análises independentes sobre política

Por Leandro Lima

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Mudaram as legislaturas na Câmara dos Deputados Federais e no Senado Federal, mas, quase, nada mudou. Isso porque o Deputado Federal Arthur Lira e o Senador Rodrigo Pacheco se mantiveram como Presidentes de suas respectivas casas legislativas, lembrando que o Congresso, a junção das duas câmaras legislativas, é Presidido também pelo Presidente do Senado. Porém, em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, da República, quem assume é o Presidente da Câmara dos Deputados. Essa alternância na hierarquia da sucessão Presidencial, entre as casas, tem o objetivo de dividir competências de forma harmônica e equilibrada. 

Era esperado que os dois parlamentares fossem reeleitos para presidir Câmara e Senado, Lira inclusive obteve uma votação recorde. A tensão maior ficou por conta da disputa do Senado, a postura dura de Pacheco com o movimento que a situação classifica como golpista e a blindagem feita, especialmente, ao Ministro Alexandre de Moraes foram capazes de dificultar muito sua reeleição, que no início era dada como relativamente tranquila. Em seu discurso de posse, o Senador clamou por pacificação ao mesmo tempo que pedia punição severa aos manifestantes que depredaram as sedes dos três poderes. É trivial, e muito bonito, escrever um discurso de pacificação em um momento de tensão política. Mas para não ficar algo artificial é preciso ir além das palavras e partir para as ações.

Citar, de forma repetida, o vandalismo ocorrido em 8 de janeiro não soa como um gesto de pacificação. A tentativa é de fazer uma clara associação entre a pequena parcela exaltada da sociedade e os mais de 58 milhões de brasileiros que disseram não a Lula. Em nenhum momento do discurso de posse do Presidente do Senado foi feito um aceno real a essa parcela muito representativa da sociedade. Seria pacificador se o Senador Rodrigo Pacheco admitisse que existe uma polarização da sociedade brasileira quanto à predileção político-partidária, mas que irá trabalhar para todos, sem distinção. É necessário dizer que o Brasil é o resultado das diferenças, não desigualdades, entre os cidadãos e para que exista democracia é muito importante que se crie mecanismos para ouvir os descontentes. Punir uma minoria radical que extrapolou os limites legais é um passo importante, mas usar isso para deslegitimar a grande massa populacional que discorda do atual governo está longe de ser um ato pacificador. O Senador Rodrigo Pacheco renovou seu mandato para Presidente do Senado, mas perdeu uma grande oportunidade de fazer com que sua posse se tornasse um ato verdadeiro que apontasse para uma união de esforços para todo o povo brasileiro.