• 23 / Fev / 2023

Mesmo que se discorde, ideologicamente, do Presidente Lula, é preciso reconhecer a sua enorme capacidade política. Mas de nada valerá toda essa habilidade se não for bem empregada. Faz pouco mais de 50 dias que Lula tomou posse. Pouco tempo, é verdade! Mas também é quase uma regra que as gestões costumam a comemorar os 100 primeiros dias de governo, fazendo uma espécie de prestação de contas parcial.
O fato de Lula ter indicado, como prêmio de consolação, Simone Tebet para o cargo de Ministra do Planejamento e Orçamento chamou muita atenção. Apesar de ter se destacado na corrida eleitoral, Tebet está longe de ser uma aliada de primeira hora do Presidente. O cargo que ela ocupa é considerado chave para que as ações propostas pelo governo sejam sistematicamente acompanhadas. Era uma clara sinalização que gerir a máquina estatal não é a prioridade do Presidente, que ao assumir o cargo tratou de trabalhar uma série de narrativas políticas. A lista de narrativas é vasta, principalmente quando é comparada com o inventário de suas ações concretas. Até aqui a imensa habilidade de Lula só serviu para esconder a falta de planejamento do atual governo.
A tão esperada reforma tributária aparece como uma possível ação concreta do governo, mas não se tem clareza sobre o que se propõe e não se sabe se irá adiante, já que, em poucos dias, as ações do Presidente espantaram boa parte dos notáveis economistas que o apoiaram durante a eleição. A dúvida que se tem é se o atual governo conseguirá deixar um pouco de lado sua vocação para criar narrativas para que definitivamente comece a governar. A torcida, para o bem do Brasil, é de que se tenha avanço em questões importantes e que a política seja colocada em seu devido lugar, o de zelar pelo bem público. Passados os 100 primeiros dias, será possível ter uma análise ainda mais conclusiva.