• 07 / Mar / 2023

Não é interessante para ninguém a briga do Presidente da República com o Presidente do Banco Central. A projeção do crescimento econômico não ajuda, estima-se que o Brasil alcance o PIB (Produto Interno Bruto) de 0,85% no ano, a média mundial giraria em torno de 2,9%. Ao se deparar com este cenário, um governante comprometido se empenharia em: aprovar a reforma tributária, equilibrar os gastos públicos, reduzir a tributação das empresas, dentre outras medidas. Mas Lula escolheu o pior caminho, apontar o culpado para a situação, nesse caso em específico o Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central, por manter as taxas de juros elevadas. 
Lula abriu fogo e reclamou até de falta de autonomia, quando o assunto é o Banco Central. Trata-se de uma autarquia federal. O conceito é complexo já que é uma entidade de direito público criada para auxiliar os serviços públicos, mas que possui autonomia econômica, técnica e administrativa. Fato é que toda autarquia, termo derivado da língua grega que quer dizer comandar a si mesma, é criada pela própria necessidade de ser autônoma, embora fiscalizada e tutelada pelo estado. Na tentativa de dividir sua responsabilidade, caso o Brasil não cresça em sua gestão, o Presidente Lula classificou como um grande erro, por parte do Banco Central, manter as taxas de juros elevadas. Acontece que o Banco Central agiu dentro do seu papel constitucional.
O que Lula não diz, em nenhuma entrevista, é que manter os juros altos é uma medida essencial para se conter a inflação, que atinge sobretudo as famílias mais pobres. O IBGE, por exemplo, em uma pesquisa recente indica que na cidade de São Paulo - SP a cesta básica subiu 14,62% em um ano e já representa 95,77% do salário mínimo, o impacto com certeza seria pior se o Banco Central não intervisse. Diante de todo este debate, foi necessário que o próprio Fernando Meirelles, que foi Presidente do Banco Central no governos anteriores chefiados por Lula, vir a público e dizer que o Banco Central não é o responsável pela desaceleração do PIB. Tomara que Meirelles, que é citado amplamente por Lula como uma referência técnica, consiga definitivamente convencê-lo a se empenhar com as frentes que realmente são necessárias para alavancar o crescimento do Brasil.